Já há algum
tempo eu tenho me dado conta do valor da organização. Toda a minha vida foi
sempre um grande caos que tem sido refletido ano após ano em cada coisa que
está ao meu redor. Desde pequena, a maior reclamação que eu levava estava
sempre relacionada à bagunça. Meu quarto era pura desorganização. Meu caderno
da escola, nem se fala. Eu era diariamente ameaçada pela minha mãe por causa da
péssima caligrafia e aspecto visual das folhas escritas. O que eu ouvia em casa
era que cada vez que meu caderno fosse visto daquele modo, ele teria as páginas
arrancadas e, caso as páginas acabassem, eu iria para a escola sem caderno até
o restante do ano letivo. Eu tinha apenas 8-9 anos e estava na terceira série. A
coisa era realmente séria e, pelo jeito, conheci a entropia antes mesmo de
conhecer seu conceito na Física, anos mais tarde.
No que diz respeito aos sentimentos, nunca foi diferente. O fato de ser mais sentimental que racional tem me rendido muita “bagunça e confusão”, nem sempre divertidas como as chamadas da sessão da tarde. E não falo de sentimentos entre casais! Por favor, atente-se a isso de forma mais ampla! A luta contra a minha própria natureza é diária e acredito que assim deva ser. No trabalho constante de organizar internamente minha vida, percebi que deveria primeiro transformar meu ambiente. Então, de forma quase que compulsiva, tratei de me desfazer de tudo que fazia volume e em nada me acrescentava: livrei-me de roupas que já não usava, papéis antigos e tudo o mais que julguei inútil na minha atual situação.
No que diz respeito aos sentimentos, nunca foi diferente. O fato de ser mais sentimental que racional tem me rendido muita “bagunça e confusão”, nem sempre divertidas como as chamadas da sessão da tarde. E não falo de sentimentos entre casais! Por favor, atente-se a isso de forma mais ampla! A luta contra a minha própria natureza é diária e acredito que assim deva ser. No trabalho constante de organizar internamente minha vida, percebi que deveria primeiro transformar meu ambiente. Então, de forma quase que compulsiva, tratei de me desfazer de tudo que fazia volume e em nada me acrescentava: livrei-me de roupas que já não usava, papéis antigos e tudo o mais que julguei inútil na minha atual situação.
Hoje, meu
quarto é quase exemplo de organização, e espero que assim continue. A questão é
que sobrou uma caixa, com coisas das mais diversas e que não consegui ou não
pude me desfazer e que não sei onde guardar, por mais que eu tenha tentado. Em
todas as minhas experiências de organização, sempre sobrava algo parecido e que
parece dificílimo conseguir mexer naquilo. Na minha antiga casa quando ainda
morava com os meus pais, por exemplo, existia um quarto inteiro de coisas “que
não se adequavam ao resto da casa”. Bem como este quarto, ou como a caixa,
assim também estão os sentimentos, que transpassam pelas angústias e
aspirações. Pelo visto, sempre há aquele cantinho em que que jamais nos
atrevemos a mexer, quase como se fosse uma proibição. E aí passam-se meses e
anos e a caixa continua ocupando o espaço de coisas que poderiam ser úteis, ou
ao menos prazerosas. Enquanto eu não tiver disposição, paciência e, sobretudo, coragem
para me livrar de tudo isso, jamais poderei dizer que sou livre e dona de mim.
Carolina Silva, 2014.
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